O dia 31 de dezembro de 2019 marcou o início de uma preocupação que, aos poucos, foi se tornando global: o alerta de um novo vírus – o coronavírus (COVID-19) – em território chinês.
Além de infectar e causar a morte de milhares de pessoas, o que configura uma emergência global de saúde pública, o coronavírus também tem afetado outro setor importante: a economia, mais precisamente o comércio exterior.
Hoje vamos falar sobre os impactos desse surto nas relações de comércio internacionais, como ele afeta o Brasil e quais são as medidas preventivas que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou para os transportes marítimo e aeroportuário.
Por que o coronavírus afeta tanto o comércio exterior?
Nos últimos meses, a China vem tentando se recuperar de uma queda na economia. No ano passado, o país teve o pior desempenho do PIB dos últimos 29 anos. E com o recente fechamento da 1ª fase do acordo comercial com os EUA, a expectativa era de que o crescimento fosse retomado, mesmo que em ritmo mais lento.
Dentro desse caldeirão de expectativas, veio o coronavírus justamente no período de celebração do Ano Novo Lunar, que tradicionalmente já afeta a logística internacional.
O coronavírus afeta tanto o comércio exterior porque, entre outros fatores, a China é a maior economia mundial de exportação, cujos negócios giram na casa dos trilhões de dólares anuais.
Apenas a cidade de Wuhan, o epicentro do surto do coronavírus, concentra cerca de 300 das 500 maiores empresas do mundo. E até o momento está tudo parado ou com as atividades reduzidas. Fábricas de automóveis, empresas de tecnologia, produtos manufaturados, fabricação de peças em geral. Isso vai gerando um efeito cascata e que atinge a economia dos países parceiros, isso sem falar na queda nas bolsas de valores.
Fechamento do comércio, falta de insumos, dificuldades de logística e contratos prejudicados são algumas das consequências do coronavírus para o comércio exterior.
Quais os impactos do coronavírus na economia brasileira?
A China é o nosso principal parceiro comercial – ano passado, quase 20% de todas as nossas importações vieram de lá. Compramos circuitos impressos, peças de aparelhos receptores e transmissores, plataformas de perfuração, entre outros produtos.
Além disso, ela também é o principal destino das nossas exportações, principalmente de soja, óleos brutos de petróleo, minérios de ferro, celulose e carnes.
“Nossas exportações, no momento, pode ser que afetarão 3% (na economia brasileira). Isso pesa para nós. Afinal de contas, a China é o nosso maior mercado exportador (importador)”, declarou o presidente Jair Bolsonaro em entrevista à BBC.
Na prática, os transportes marítimo e aeroportuário vêm sofrendo diretamente com os efeitos do coronavírus. Enquanto no ar, diversas companhias aéreas suspenderam suas rotas para a China (e também saindo de lá), no mar os contratos de transporte marítimo também ficam comprometidos.
Quais medidas preventivas devem ser adotadas pelo comércio exterior aqui no Brasil?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma série de procedimentos de prevenção e também de ações a serem tomadas, principalmente em casos suspeitos em navios e aviões.
As medidas preventivas dizem respeito a reforçar a higiene de servidores, trabalhadores e viajantes, como lavar e higienizar as mãos com frequência e evitar passar a mão nas mucosas, principalmente depois de tossir e espirrar.
O uso de máscaras cirúrgicas, luvas, aventais e óculos de proteção estão recomendados apenas para quem realizar abordagens em navios, aviões e pessoas que vieram da China.
Quanto aos portos que estão em operação, a Anvisa impôs que o comandante da embarcação precisa informar os últimos 10 portos por onde o navio passou (com datas de entrada e saída). Antes, era necessário relatar apenas os 5 últimos portos.
Além disso, 72 horas antes de cada atracação, é preciso entregar um relatório informando as condições de saúde de cada tripulante do navio.
Em caso suspeito, o navio fica impedido de operar e desembarcar até que a Anvisa suba a bordo para realizar a inspeção e avaliação para tomar as providências.
O mesmo procedimento também deve ocorrer com as aeronaves.
Quanto a encomendas, importações e remessas vindas da China e a possibilidade de transmissão do coronavírus vindo por elas, até o momento a informação é de que não há evidências sobre os riscos, tendo em vista que o vírus costuma durar poucas horas em superfícies. Essas informações são do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
A Alfa Trading é uma empresa com sede em Criciúma (SC) que, desde 2005, atua no comércio exterior.
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